tag:blogger.com,1999:blog-60113651674996719632023-11-15T10:25:56.175-08:00Neal CassadyNeal Cassadyhttp://www.blogger.com/profile/11707718940877422789noreply@blogger.comBlogger72125tag:blogger.com,1999:blog-6011365167499671963.post-85897606838658128442009-02-24T10:39:00.000-08:002009-02-24T11:27:43.513-08:00Bittersweet.Ele olhou para aquele rosto, tentando registrar cada detalhe, pra que não o perdesse.<br />Gostaria de poder transformar seus olhos em lentes fotográficas, naquele momento.<br />Queria poder guardar aquele momento, e voltar a ele sempre que tivesse chance.<br />Há uma palavra em inglês, daquela lista de palavras que fazem falta no português. Bittersweet.<br />Algo que é bom e ruim, ao mesmo tempo.<br />Sabia que tudo estava ttomando o rumo certo, mas nada continuaria a ser do jeito que era, nunca mais.<br />Dada daqui se repetiria e o mais próximo que poderia chegar de tudo eram suas lembranças.<br />Mas elas eram vagas demais, e os detalhes certamente iriam ambora com o tempo.<br />Mas, ah, a coisa certa tinha sido feita, e tudo estava se encaminhando bem.<br />Da melhor maneira possível.<br />Tudo havia sido bom, e valido a pena.<br /><br /><br /><br /><br /><br />(Texto antigo, revisto e reescrito)Neal Cassadyhttp://www.blogger.com/profile/11707718940877422789noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6011365167499671963.post-35015100928613880132009-02-13T23:17:00.000-08:002009-02-14T05:02:32.320-08:00E ele seguiu a estranha recomendação do psiquiatra.<br />Faz um pequeno diário sobre os acontecimentos da semana, juntou fotos importantes para ele e pequenos objetos relacionados à sua vida. Saiu de casa até confiante, ligou sua picape e foi até o consultório.<br />Passou algum tempo na sala de espera, lendo revistas <span style="font-style: italic;">Veja</span> do ano anterior.<br />Foi chamado até a sala do psiquiatra.<br />Perguntou a ele:<br />-E então doutor, trouxe as coisas, o senhor disse que hoje ue deveria trazer as coisas de sua lista, e também que hoje receberia o meu diagnótico.<br />-Sem meias palavras, o senhor tem um trauma de guerra.<br />-Mas doutor, eu nunca estive em uma guerra, o mais próximo que eu cheguei de uma foi jogar Battlefield!<br />O doutor suspirou, pegou a pequena caixa, tirou de lá algumas folhas, que leu rapidamente, franzindo a testa.<br />Retirou de lá umas três fotos, olhou bem, e mostrou a ele.<br />Retirou um velho chaveiro e um brinquedo velho, que colocou sobre a mesa, com um gesto amplo.<br />Deu o seu pequeno diário sobre a semana anterior para que lesse.<br />Disse, logo depois:<br />-Olha bem isso, a sua vida. Sua vida é uma eterna guerra entre o que você quer e o que esperam de você, entre os seus desejos e suas frustrações, entre a realidade e o que você imaginou que aconteceria. Uma guerra entre você e você mesmo. Entre seus sonhos e seus medos. Você e suas inseguranças, sua falta de coragem.<br />O doutor suspirou, olhou bem para seu paciente, nos olhos.<br />Suspirou.<br />-E você não está vencendo, sabe?Neal Cassadyhttp://www.blogger.com/profile/11707718940877422789noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6011365167499671963.post-40532029764673553302009-02-12T21:00:00.000-08:002009-02-12T21:07:57.676-08:00E aquela sensação de uma felicidade embriagada que não podia ser reprimida, a sensação de ter tanta energia que vai explodir se não liberá-la, a vontade de pular, de escalar as paredes, de correr mil quilômetros.<br />Se a energia naquele pequeno estúdio pudesse ser convertida em Watts, iluminaria uma cidade inteira facilmente.<br />E ao, meu lado, Júlio tocava sua guitarra com os dentes.<br />Eu olhei, enquanto tocava o meu baixo de segunda mão, para o Cido, sentado em sua bateria velha, espancando-a com suas baquetas de alumínio.<br />A expressão dele dizia tudo, assim como a do Júlio.<br />Nenhum de nós gostaria de estar em nenhum outro lugar, naquele momento.<br />Pode ser idiotice, pode ser apenas um devaneio adolescente, mas auqle era o meu sonho.<br />Olhei para os lados e não pude deixar de imaginar pessoas assistindo, muitas pessoas.<br />Talvez eu esteja errado, talvez esteja sendo egocêntrico, mas pra mim, aquela era, no momento, a melhor banda do mundo, e não havia nada que nos pudesse deter, além de nós mesmos.<br />Parecia, naqueele momento, que nenhum isolante seria capaz de parar a nossa voltagem.<br />E era a melhor sensação do mundo.<br /><br /><span style="font-style: italic;"><br /><br /><br />Cause It's a High Voltage, High, Voltage, Rock 'N Roll</span>Neal Cassadyhttp://www.blogger.com/profile/11707718940877422789noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6011365167499671963.post-18254588555041698232009-02-07T19:14:00.000-08:002009-02-07T19:31:42.054-08:00Primeiro, cercado de gente idiota, de genet que não sabe de nada, preso a elas por algumas convenções que sempre achei babacas, mas segui.<br />Vem de novo aquela mesma sensação de ser feito de uma substância diferente das pessoas que me cercam.<br />Não de todas as pessoas, mas de boa parte delas.<br />Não sei se melhor ou pior, apenas diferente.<br />Na minha opinião, melhor, mas é apenas o meu ego, e eu posso estar incrivelmente errado.<br />Ou apenas bêbado.Neal Cassadyhttp://www.blogger.com/profile/11707718940877422789noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6011365167499671963.post-14235576237611268552008-12-31T21:14:00.000-08:002008-12-31T21:24:19.002-08:00E acaba mais um ciclo, mais um ano, e fica aquele clima saudoso, de olhar pra trás e ver o que foi o ano que passou.<br />E imaginar o que está por vir.<br />Talvez tudo dê certo, talvez tudo dê errado, a única certeza que tenho é que nada vai sair do jeito que eu planejei.<br />Seja pra bem ou pra mal.<br />Mas, em geral, gosto de acreditar que tudo vai dar certo.<span style="font-style: italic;"><br /><br />Don't worry,<br />About a thing,<br />'Cause every little thing,<br />Is gonna be alright.<br /></span>Neal Cassadyhttp://www.blogger.com/profile/11707718940877422789noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6011365167499671963.post-8782828194861669312008-12-18T22:43:00.000-08:002008-12-20T22:07:57.897-08:00Tem uma casa na minha cidade que, sempre que possível, desvio do meu caminho para ver.<br />Não é uma casa muito bonita ou rica, aliás, muito pelo contrário, é feia e decadente, e tem apenas dois cômodos. Sua porta é riscada a chave e tem pixações com o nome do Nirvana em suas paredes.<br />Não é apenas pelas boas lembranças que tenho de sentar lá na frente que gosto do lugar, é por algo bem mais esranho.<br />Eu não gosto dauqela casa por ter agarrado uma garota ali na frente, eu agarrei a garota lá na frente por gostar da casa. O que me atraiu na casa é o seu ar decadente, as janelas cheias de táboas pregadas.<br />E eu sou assim com muitas coisas.<br />Eu tenho uma atração pelo baixo, pelo decadente, que vai acabar me destruindo, um dia.<br />Pelos viciados, pelas pessoas que vagam pelo mundo derrotadas, pelas pessoas carentes de atenção, os isolados e os traumatizados.<br />Situações esranhas e complicadas me divertem.<br />Por mais que tudo esteja ruim, ainda há aquele lado para olhar a situação toda e rir, meio de lado, meio ironicamente, para se divertir com o fundo de tudo.<br />A decadência tem algo de belo.<br />E mesmo quando tudo está dando errado, há algo de cômico, ou tragicômico, melhor dizendo.<br />Então, vou ouvir um John Frusicante e pensar na vida.<br />É estranha, e muitas vezes as coisas não acontecem como gostaríamos, mas, porra, vale a pena, e é tudo que eu tenho.<br />As coisas passam, sempre passam, só eu fico.Neal Cassadyhttp://www.blogger.com/profile/11707718940877422789noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-6011365167499671963.post-6807498205777936362008-12-14T14:06:00.000-08:002008-12-14T14:45:02.445-08:00Pequenos prazeres simples.<span style="font-style: italic;">Baseado numa crônica do Paulo Mendes Campos.<br /><span style="font-style: italic;"><br /><span style="font-style: italic;"><span style="font-style: italic;"><br /></span></span></span></span>Ler crônicas; cheiro de livro novo, cheiro de grama recém-cortada, cheiro da lasanha que tá saido do forno; Ouvir Stairway To Heaven às 3 da manhã, numa quarta-feira de verão, relaxado e olhando pro céu; Relaxar; A palavra utensílio; Piadas internas; Guitarra elétrica, piano, baixo, bateria; Bateria tocada de um modo simples, viradas que usam muito a caixa; Olhares; Mulheres bonitas; Olhares que vêm de mulheres bonitas; Quando uma desconhecida te dá moral; Um maluco no pedaço; Jeans; All-Star; Preto e branco; De volta pro futuro; Futebol bem jogado, dribles do garrincha, gol do zico; Michael Jordan jogando basquete; Qualquer cosia feita com vontade e paixão; Arte; Seios; Aquela voltinha que algumas mulheres têm na cintura; Mulheres que sabem se vestir; Loiras de olhos azuis; Meu mp4; A palavra bansa; Times de futebol da áfrica se enfrentando, mostrando o futebol com paixão qeu o Brasil já teve; O velho estúdio precário da banda; A palavra precário, assim como a palavra escasso; Gambiarras; Usar a chave de fenda; Ver que aquela pessoa com quem se quer falar está online; Mesagem de celular, toquinhos; Perceber que um amigo se parece com um personagem ou celebridade, e as pessoas concordarem com você; Ser elogiado; Ficra conversando até, pelo menos, as três da manhã; Faz parte do meu show, do Cazuza; AC/DC; Aquela bandeira do AC/DC que a torcida do grêmio levava pros estádios; Tirar o primeiro Slap; A primeira namorada; Os peitos da primeira namorada; Compreensão; Vodka; Coca-cola de vidro em dia de verão; Pais que trabalham e deixam a casa livre; Sentar na calçada; Mandar a moral e os bons costumes para a puta que o pariu, de vez em quando; Final da libertadores; Fazer uma piada boa; A estátua do cachorro triste na casa do Peninha; Humor negro; Monty Python; Não assistir Zorra Total; Ver alguém que não gosto se fuder; Ver alguém que eu gosto feliz; Batatas do McDonalds, pizza, ovomaltine; Carros antigos, coisas antigas em geral; LPs; Encontrar um amigo depois de muito tempo e ver que ele continua a mesma merda; Ter uma banda; Ensaiar com sua banda; Um palco; Se imaginar em turnê; Solar Free Bird em uma guitarra imaginária; A música do poderoso chefão; De Volta Pro Futuro; Descobrir Million Dollar Reload e sentir esperança; Sweet Child 'O Mine; O Baixo e a bateria de Rocket Queen; Ouvir uma música desconhecida qeu eu gosto na trilha sonora de um filme; Nirvana; Shows; Budismo; Mulher que cheira bem; Apertar campainha e correr; Matar aula; Descobrir que acordou atrasado para ir pro colégio; Fazer esquemas de cola; Excentricidade; Histórias de bêbados; Ter a coragem de tentar; A palavra "guts"; Amigos reunidos; Coisas de nerd; Músicas que lembram a infância; Dragon Ball Z; Perceber que aidna lembra os nomes dos Pokémons; Beijar sua garota em público; Fazer coisas em locais inoportunos; Fazer loucuras no cinema; Planos; Começo de ano; O começo do inverno; Lareira; Simplicidade; A introdução de Smoke On The Water; Frases do Lemmy Kilmister; O lobo da estepe; Relembrar situações engraçadas, principalmente quando envolvem a pessoa com quem se está falando; Paredes com pixações do Nirvana; Ouvir Bob Marley na praia; Frases e citações; Chocar as pessoas com uma piada má; Havaiana branco de tiras azuis; Amarula; Pastel de queijo; Pão de queijo com café; X-Frango; Fender precisio branco do escudo preto; the Legend Of Zelda e toda sua trilha sonora; Super Nintendo; Back In Black; Primos reunidos; Waccawacca; Gírias do baratão; Piscina; Mulheres bonitas no clube; Olhar fotos antigas dos meus pais; Comprar cds; ter o próprio dinheiro; Viver sozinho.<br /><br />E, com certa reverência, um dos melhores:<br />Fazer listas.Neal Cassadyhttp://www.blogger.com/profile/11707718940877422789noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-6011365167499671963.post-21084361926331658212008-12-09T18:46:00.000-08:002008-12-09T18:54:54.253-08:00E olhou para o horizonte, e aquele campo verde não acabava nunca.<br />Havia, no horizonte, uma árvore, extremamente distante.<br />Percebeu que tudo que queria na vida era andar até lá subir nela.<br />E, sem problema algum, outro compromisso ou alguém para impedí-lo, simplesmnemte seguiu sua vontade e foi até lá.<br />O vento bateu em seu rosto e mexeu seus cabelos. Ele sorriu.<br />Estava fresco e delicioso.<br />Foi andando, sentindo o calor do sol, e se sentindo bem.<br />O vento continuava.<br />Ele era livre.<br />Totalmente.Neal Cassadyhttp://www.blogger.com/profile/11707718940877422789noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-6011365167499671963.post-63131876335737815882008-11-15T19:05:00.000-08:002008-11-16T18:22:11.948-08:00A la Cobain.Ah, é aquele delírio adolescente clássico, que sempre passava pela sua cabeça.<br />Aquilo de ter seu próprio ônibus, com os instrumentos todos no bagageiro.<br />Ok, o violão está lá em cima, com a banda, pois nunca se sabe quando aquele clássico pode sair.<br />Indo pra um show, com pessoas interessadas em pagar para ouvir o que tinham a dizer, loucas por seu som, por seus solos e suas letras.<br />Mulheres, meu rapaz, mulheres.<br />Aquilo tudo tinha surgido como um turbilhão em sua vida.<br />Em um dia estavam lá tocando músicas alheias.<br />De repente, músicas começam a sair, que nem achavam que fossem tão boas assim.<br />As pessoas simplesmente começaram a gostar, e a aparecer.<br />Começaram a ser convidados.<br />Um dia, surgiu um sujeito com um contrato de gravadora.<br />Logo, havia toda aquela vida de um rockstar, de chegar com sua roupa estranha e óculos escuros em um aeroporto qualquer, das mulheres, da puxação de saco.<br />Da admiração.<br />Haviam multidões e bons hotéis, mas faltava alguma coisa.<br />Não era tão bom quanto quando se hospedavam em bibocas para tocar para cem pessoas.<br />Viu que a platéia estava cheia daquelas pessoas qeu estava justamente tentando evitar, quando montou sua banda, justo as pessoas que criticava, que desprezava.<br />Sim, elas eram boa parte de seu sustento, e não havia nada que pudesse fazer a respeito.<br />À noite, havia sim bons shows, aqueles qeu lhe davam satisfação e alegria, mas, em boa parte das vezes, não queria estar lá.<br />Mas bem, havia uma turnê, contratos e dinheiro<br />Havia de tudo, ali, no meio, a não ser pelo velho espírito, pela espontaneidade.<br />Olhava sua banda, e via um bando de idiotas deslumbrados pelo sucesso, que haviam se esquecido de tudo pelo que haviam passado.<br />As idéias que tinham antes, trocaram por belos carros, casas, modelos, Jack Daniel's e heroína.<br />Não se reuniam mais na casa um do outro para jogar conversa fora, ou falar dos novos cds que andavam ouvindo, não faziam um churrasco.<br />Quando um se casou, para se separar logo em seguida, alguns certamente só foram porque haveriam fotógrafos, montes deles, sem falar da bebida.<br />Tudo que ele tinha sonhado estava se desmanchando à sua volta.<br />O sucesso que havia buscado tanto não era o que esperava, não podia ir à padaria em paz, queria parar tudo aquilo. Puxar a cordinha e descer no próximo ponto.<br />Não parava com aquilo tudo porque achava que ainda havia, em algum lugar, gente que fazia tudo aquilo valer a pena, garotos como eles eram, no começo, garotas como as que conheciam, no começo, gente de verdade. E também, tinha que ser franco consigo mesmo, o dinheiro estava caindo muito bem. Não podia parar tudo aquilo, naquela hora. Pessoas contavam com sua presença, com sua voz e sua Les Paul.<br />Quando não estava no palco, queria estar lá mais que qualquer coisa. Quando estava, queria estar em qualquer outro lugar.<br />Porque toda aquela atenção, porque tudo aquilo?<br />Conehcia muitas bandas por aí bem melhores que a sua, conhecia pessoas que mereciam bem mais. Não era perfeito, mas era idolizado. Não era ou queria ser um guru, mas estava sendo seguido.<br />Deu no plantão da globo, interrompendo a novela das oito. O carro de um rockstar tinha dado de frente com um caminhão. Suspeita-se que estivesse bêbado. Era ele.<br />Foi levado pro hospital, operado, mas não adiantou nada.<br />No enterro, montes de pessoas choravam e carregavam velas. Em algum lugar, ele se perguntava o porque daquilo tudo, aquelas pessoas não o conheciam, ele não deveria ser nada pra ela. A multidão era tão grande que não conseguia nem ver sua família.<br />No ano seguinte, no dia de sua morte, a globo fez um especial. Em algum lugar ele pensou o porquê de tudo aquilo.<br />Ele não era de gostar dessas homenagens tradicionais, de amigos e até pessoas que não gostavam dele quando vivo puxando o saco.<br />Dez anos e nove especiais depois, a globo fez um mega especial, com toda sua banda presente e astros medíocres da música nacional estragando sua músicas.<br />De algum lugar, ele olhava feio e pensava:<br />Meu deus, que grande idiotice.<br />Vão pensar na alta do dólar e me esqueçam, por favor.<br /><br /><br /><span style="font-style: italic;"><br /><br />-Nossa, cara, ele é incrível, as idéias dele são demais.<br />-É, eu sei. Ele até disse uma vez que não gosta de ser seguido pelas pessoas, que não é um guru.<br />-Não é o máximo, isso?<br />-Com certeza, eu até comecei a pensar assim depois disso. Ele é o meu ídolo.<br /></span>Neal Cassadyhttp://www.blogger.com/profile/11707718940877422789noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-6011365167499671963.post-33708483600795697642008-10-14T21:03:00.000-07:002008-10-14T21:37:08.872-07:00Aquela mesma sensação familiar de que falta algo.<br />É como se faltasse um pouco de tempero na vida, o supérfluo que nos faz felizes.<br />Sabe como é...<br />A cereja no topo do bolo, ou algo assim.Neal Cassadyhttp://www.blogger.com/profile/11707718940877422789noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-6011365167499671963.post-14237075998782082342008-10-13T13:09:00.000-07:002008-10-13T21:06:29.625-07:00Aquela mesma e maldita rotina<span style="font-style: italic;">.</span><br /><br /><br /><br />E ando precisando de novos ambientes, de coisas novas.<br />Novas pessoas e situações.<br />Quero isso e, ao mesmo tempo, evito.<br />Mudar cansa, reverte conceitos.<br />Mas há as boas horas em que quero sair dessa redoma, desse círculo fechado de pessoas.<br />Parar, um pouco, de falar sobre as mesmas coisas, ir sempre aos mesmos lugares, ver os mesmos rostos.<br />Viver desse mesmo jeito de sempre.<br />Dessa segunda, até a próxima, quando tudo começa de novo.<br />Fazer os dias pararem de ser um ciclo,<br />Deixar a vida mais assimétrica.<br /><br />Enfim, ter algo novo no que pensar, ao acordar de manhã.<br />Esperar ansiosamente por algo ou alguém,<br />Mesmo que seja algo pequeno,<br />Mal poder esperar que chegue.<br />Botar um ponto final nessa história de rotina, de acordar 6 e meia pra ir no colégio, ter horas de diversão encaixadas nas duas horas entre uma atividade e outra.<br />Viver espontaneamente e fazer algo que me assuste.<br /><br /><br />E não vou perder a chance de citar a mesma música de sempre.<br />Isso também já é uma rotina.<br />Mas, fazer o que...<br />Ela normalemte exemplifica bem.<br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><span style="font-style: italic;">I want something good to die for</span><br /><span style="font-style: italic;"> To make it beautiful to live</span><br /><span style="font-style: italic;"> I want a new mistake</span><br /><span style="font-style: italic;"> Loose is more than hesitate</span><br /><span style="font-style: italic;"> Do you believe it in your head?<br /><br />(Go With The Flow - Queens Of The Stone Age)<br /></span>Neal Cassadyhttp://www.blogger.com/profile/11707718940877422789noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6011365167499671963.post-45022794058785864042008-10-10T19:01:00.000-07:002008-10-10T20:44:54.370-07:00Eu sempre acreditei no poder da música de influenciar as pessoas.<br />Não acredito que músicas possam mudar o mundo, ou qeu um bom show de rock 'n roll possa fazer a diferença ou algo assim.<br />Se Hitler ouvisse Imagine, não mudaria absolutamente nada, mas acredito no poder dela de mudar individualmente.<br />Acredito no poder de fazer com que as pessoas sintam algo.<br />Conheço várias músicas que mudam meu humor.<br />Tears in Heaven, do Eric Clapton, é um exemplo.<br />Toda vez que ouço essa música, lembro do filho dele, que morreu.<br />pensa na tristeza e no amor de pai. E fatalmente, me emociono.<br />Dropkick murphys dá vontade de ficar bêbado.<br />Ac/dc de aprontar por aí, de ser um cafajeste daqueles.<br />Um bom blues para as horas de tristeza.<br />Músicas que lembram pessoas, lugares e épocas., Linger e Sweet Child 'O Mine.<br />Bad to The Bone e It's Reciprocal.<br />Baby, I'm Gonna Leave You.<br />Mas a música que mais me provoca emoções, que faz com que me sinta extraordinariamente bem, entre todas, é a melhor música já feita desde Mozart.<br />Stairway To Heaven.<br />Há uma versão ao vivo na qual Robert Plant começa dizendo "This is a song about hope".<br />É bem o sentimento que me desperta.<br />É algo como uma leveza, um sentimento de esperança.<br />Eu imagino quando essa música terminou de ser feita.<br />Todos os membros da banda devem ter ficado em silêncio, ouvido aquilo e pensado: Nós fizemos isso?<br />Dever ter sido como Michelangelo ao ver que não tinha mais em sua frente um bloco de mármore, mas Davi.<br />Não é uma música para ser ouvida a qualquer hora, para ficar de fundo enquanto se come ou algo assim.<br />É para os bons momentos, para o sol se pondo, para seu filho andando pela primeira vez, para sua primeira vez com a mulher que ama.<br /><br />Para a grandiosidade.<br />Algo como a capela Cistina, saca?Neal Cassadyhttp://www.blogger.com/profile/11707718940877422789noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6011365167499671963.post-51361350785856100642008-10-09T20:31:00.000-07:002008-10-09T21:17:50.496-07:00Já estou bem cansado de ter medo, de não poder usar meus fones na rua e de ter que desconfiar de pessoas que não me fizeram nada.<br />Cansado de ver grades, de dormir com a janela fechada e temer pelo meu celular.<br />Cadê a polícia, quando mais se precisa dela?<br />E cadê alguém pra ajudar aquele coitado, em todo o longo caminho que um desesperado percorre antes de assaltar alguém.<br />O que me assustou não foi saber que era um assalto.<br />Foi saber que ele tinha frio, fome, e estava com medo, inclusive de mim.<br />Vê-lo me pedindo por favor que não mandasse ninguém espancá-lo, tremendo.<br />É, no fim, fui assaltado de livre e espontânea vontade.<br /><br />Satisfação garanida, ou pelo menos parte do seu dinheiro de volta.Neal Cassadyhttp://www.blogger.com/profile/11707718940877422789noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6011365167499671963.post-91843896084814925682008-10-05T12:44:00.000-07:002008-10-05T12:48:34.476-07:00As luzes, uma fina camada de fumaça.<br />O som e as pessoas, logo embaixo.<br />Aqueles forasteiros haviam encontrado seu lugar.<br />E muitas novas idéias se formaram, muitos planos se fizeram e muitas decisões tomadas, naquele dia.<br />E muita coisa continuou a ser exatamente como era antes.<br /><br /><br /><br /><br /><br /><span style="font-style: italic;">Nice try, guy!<br />You had the guts!<br /></span>Neal Cassadyhttp://www.blogger.com/profile/11707718940877422789noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6011365167499671963.post-44935859656866937392008-09-29T14:14:00.000-07:002008-10-14T22:05:01.474-07:00Ontem, andando em um ônibus, parei para olhar para uma garota de vestido.<br />Não que fosse um vestido extremamente curto e decotado, daqueles que te chamam a atenção para a garota, imediatamnete, para bem ou para mal.<br />Seja para rir do ridículo ou admirá-la.<br />Não, era um vestido nem muito curto, nem muito decotado, nem ao menos muito justo.<br />Daqueles que escondem bem mais do que mostram.<br />Na verdade, não escondem, deixam subentendido.<br />E o subentendido tem todo um encanto.<br />Dá abertura para a imaginação. Nos tempos em que vivemos, não há espaço para isso.<br />Eu imagino como deveria ser, para o homem medieval, sua primeira vez com sua esposa.<br />Ele não sabia como ela era, na verdade, por baixo das dezessete camadas de pano.<br />Priovavelmente era um momento de glória.<br />Por mais que um belo decote encante, o excesso deles tirou boa parte da graça.<br />A superexposição tira o encanto das coisas. Nos habituamos a elas.<br />O sujeito que vive em uma ilha paradisíaca não olha tudo com os mesmos olhos do turista.<br />Aquela bela paisagem é parte do seu cotidiano, é banal.<br />De vez em quando deve olhar em volta e pensar: Como eu tenho sorte!<br />Mas isso vai se tornando cada vez menos frequente, ao longo do tempo.<br />As coisas fáceis demais perdem a graça.<br />Tudo precisa ter mistério, surpresas, até causar um pouco de medo.<br />Aí reside a graça, a emoção da coisa toda.<br />Conseguir tudo de mão beijada faz a coisa em si perder o valor.<br />O que deu trabalho para conquistar é bem melhor.<br />Vi isso bem no estúdio da minha banda, para usar um exemplo sem nada a ver com o assunto.<br />Começou sem nada, e foi sendo construído aos poucos, passo a passo.<br />O amor que eu criei naquele lugar, em ter aquela banda que também surgiu do nada, sem recurso nenhum...<br />É indescritível.<br />É o meu lugar.<br />Se tivesse caído do céu, pronto, não teria o mesmo valor daquele de caixas de ovo coladas à mão, uma a uma.<br />Com as pessoas, pelo menos eu encaro da mesma forma.<br />Se quer saber, eu ainda lembro da garota do ônibus.<br />Se a amiga dela usava um decote grande, eu não sei.<br />Seria só mais uma a ser observada e esquecida.<br />Mas a do vestido...Neal Cassadyhttp://www.blogger.com/profile/11707718940877422789noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6011365167499671963.post-14365221253203008832008-09-20T22:08:00.000-07:002008-09-20T22:56:04.164-07:00Da série: Astrofísica numa hora dessas?Esses dias mesmo.<br />Fui na banca comprar uma Superinteressante. Era um domingo de manhã, daqueles bem típicos e preguiçosos, nos quais tudo parece acontecer mais devagar. <br />Encontrei um sujeito que não via há um longo tempo. Ainda é um grande amigo, mas, Deus, há quanto tempo não falava com o cidadão...<br />Conversamos um pouco sobre comos os grupos acabam se separando.<br />Parei pra pensar um pouco sobre como a vida é feita de fases.<br />Ah, naquela época eu namorava com tal fulana, andava com aquela turma, naquela época tinha aquele determinado hábito.<br />Mudamos nosso modo de agir, mudamos nossa aparência.<br />Temos um duplo prazer. O primeiro é achar que estamos lindos e irresistíveis, com nossas belas roupas e nosso moderníssimo corte de cabelo, o segundo é olhar as mesmas fotos daqui a alguns anos e rir.<br />Como eu tinha coragen de sair na rua assim?<br />Nos lembramos de coisas simples, de matar uma aula na casa de alguém, uma piada interna.<br />Uma música ruim que traz boas lembranças, como alguém que gosto muito me disse hoje.<br />As coisas simplesmente vão passando.<br />Uma daqueles amigos está fazendo faculdade, um trabalha, um se mudou. Nada mais é do jeito que era. As pesosas se interessam por novas coisas, seguem novos caminhos, mudam sua cabeça e pronto.<br />Foi-se a mágica do momento, devagar e sutilmente, de modo a acabar nem fazendo tanta falta assim.<br />Um mês e uma situação totalmente nova.<br />O que já me pareceu imprescindível, hoje é desnecessário.<br />Aquela amizade que era quase irmandade, o amor da uma vida que durou alguns meses, tudo passou e eu fiquei.<br />Em boa companhia, normalmente.<br />Tenho uma sorte incrível com pessoas.<br />Por mais que elas passem, sempre estou cercado de pessoas incomuns.<br />É o que me consola.<br />Já me queixei muito do passado, já falei dele com saudade, tristeza e raiva.<br />Agora me sinto em paz comigo mesmo.<br />Esse ciclo que se inicia parece estar começando bem.<br />Parece que me resolvi comigo mesmo, pelo menos nessa semana.<br />Andando sozinho num lugar lotado, percebi que, por mais que tudo mude, sou muito apegado mesmo a mim. Amo meus gostos, minhas frases, meus livros e cds.<br />Amo minhas coisas e minhas opiniões, e minhas lembranças.<br />Por mais que os astrofísicos digam o contrário, o centro do universo sou eu.<br />Digo isso da maneira menos egocêntrica possível.<br />Sou o centro de um universo em constante mudança e expansão, e as mudanças estão vindo, novas cosias nunca antes vistas estão chegando.<br />Mas deixa pra lá.<br />A reflexão já chegou na astrofísica.<br />E está tarde.<br /><br />Boa noite.Neal Cassadyhttp://www.blogger.com/profile/11707718940877422789noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-6011365167499671963.post-28293785927858200622008-09-20T22:02:00.001-07:002008-09-20T22:05:01.309-07:00Àquela garota excêntrica, uma salva de palmas.<br />E um pouco de admiração contida.<br />Obrigado por ser você.<br />Me dá um pouco de esperança no mundo, pra falar a verdade.<br /><br /><span style="font-style: italic;"></span>Neal Cassadyhttp://www.blogger.com/profile/11707718940877422789noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-6011365167499671963.post-7018301742570459102008-08-26T11:24:00.000-07:002008-08-26T11:25:15.523-07:00Um dos defeitos ou qualidades da vida é o fato de que, quando finalmente se chega ao final feliz, ele não é um final.<br />Aquela cena que pareceria tão bonita em um filme, com a câmera se afastando, é seguida, no dia seguinte, de discussões, um rompimento e um punhado de frustrações.<br />Os finais dos filmes só são bonitos porque os créditos aparecem na hora certa.<br />Romeu e Julieta são um símbolo de amor porque morreram cedo, e juntos.<br />Não se casaram, engordaram juntos, ou tiveram uma separação traumática e vergonhosa.<br />Morreram jovens e bonitos, acabaram na hora certa, sem que ele ficasse careca e ela roliça e irritada. Não tiveram tempo de provar ao outro que cometiam o pecado imperdoável de serem pessoas normais, que tinham sim, manias e defeitos, assim como o outro.<br />Não que tudo devesse simplesmente acabar, e concordo que se tudo fosse sempre da mesma maneira, a vida seria extremamente entediante. Não sei o que quero, exatamente. Mas a verdade é que sempre que algo parece bom demais para ser verdade, deixa de sê-lo logo. Alguém que muda de idéia, algo surpreendente que acontece e logo aquele mundinho maravilhoso vai por água abaixo, junto com seus planos.<br />Muitas vezes acaba sendo mais divertido fazer novos planos, se reinventar, pensar em coisas novas, assim como muitas vezes tudo muda para melhor, mas nada se mantém o mesmo.<br />Quando nos lembramos com saudade do passado, não significa necessariamente que a vida seja dura, ou tudo esteja, ruim, apenas não é mais feliz daquela mesma forma, não alcançamos a felicidade da mesma forma que antes, o que não tem nada a ver com sua intensidade.<br />Já houve tempos em que tive a vontade decadente de voltar ao passado e fazer tudo de novo, por mais que a felicidade estivesse bem debaixo do meu nariz.<br />Não que às vezes, antes de dormir, não bata aquela saudade de um dia específico, geralmente o mesmo, mas a vida anda muito boa, e os planos muito grandiosos para que eu me colocasse seis meses mais distante de sua realização, não me reúno debaixo de uma árvore para conversar com as mesmas pessoas, não mato mais aulas naquele mesmo lugar, não espero mais alguém na esquina de um colégio, mas faço muitas novas coisas que fariam meus olhos brilharem há um ano. Não tenho, em quase todos os aspectos, do que reclamar.<br />A vida é curta, afinal, e não se sairá vivo dela, então, porque você está perdendo seu tempo lendo um blog?<br />Saia por aí e faça o que quiser.<br />Sugiro começar chamando seus amigos para sua casa, comer alguma coisa, beber e se lembrar de coisas engraçadas e se sentir feliz por estar cercado pelas pessoas que te divertem.<br />Saia por aí, aperte campainhas e corra, dê o primeiro com alguém que o atrai, faça algo sem vergonha dos outros, mas de preferência que não vá contra o pudor público.<br />Viva!<br /><br /><br /><br /><em>-Quem é você?<br />-Eu sou você, daqui a alguns meses.<br />-E aí, fazendo o que de bom?<br />-Eu tenho uma banda, cara!<br />-Sério?<br />-Sério. E aproveite agora, você tem meses incríveis pela frente.<br />Terceira voz diz:<br />-Você também.</em>Neal Cassadyhttp://www.blogger.com/profile/11707718940877422789noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6011365167499671963.post-23122856220276665842008-08-21T16:43:00.000-07:002008-08-22T14:22:39.710-07:00Sempre que acontece alguma coisa impressionante ou interessante, enfin, algo que saia da mesmice em minha vida, fatalmente acabo na memsa situação.<br />Sentado em uma cadeira com algumas teclas na minha frente e o que seria o equivalente a uma folha em branco.<br />Geralmente significa uma fase de grande perturbação com algo ou uma idéia fixa, por a vida estar a mesma merda de sempre, por exemplo, mas também pode significar uma mudança que está por vir.<br />Como alguém que olha as nuvens e vê que uma tempestade está vindo.<br />Sempre que algo parece bom demais para ser verdade alguém muda de idéia ou alguma coisa acontece.<br />É impressionante.<br />Mas não se pode culpar quem mudou, mas também não se pode ficar feliz com isso.<br />Nada de indiretas, apenas desabafo.<br />No fim isso provavelmente acaba sendo necessário, para que ocorram mudanças.<br />Mas, sejamos francos...<br />Nem toda mudança é bem-vinda.Neal Cassadyhttp://www.blogger.com/profile/11707718940877422789noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6011365167499671963.post-19984830974911783782008-08-01T13:03:00.000-07:002008-08-01T13:04:50.138-07:00<em>... accidentally,<br />I charm you and tell you<br />Of the boys I hate, all the girls I hate<br />All the words I hate, all the clothes I hate<br />How I'll never be anything I hate<br />You smile, mention something that you like<br />Oh, how you'd have a happy life<br />If you did the things you like...</em><br /><br /><br />É um pouco desconfortável ser excêntrico. Embora o excêntrico não troque seu modo de viver e pensar por nada, seu modo de pensar acaba sendo um empecilho em sua vida em algum momento.<br />Juro que algumas vezes já quis ser um garoto normal.<br />Ter poucas preocupações além de achar uma garota bonita no fim de semana, que nunca mais visse, ter um bom celular e ter um carro popular rebaixado.<br />Confesso que sou tão arrogante que me acho melhor que as pessoas que tem esse tipo de vida.<br />Olho para elas com bastante desprezo e um pouco de inveja. Suas vidas são muito mais simples que a minha, e elas não se esforçam para complicá-las.<br />Para mim o normal não é o suficiente. As coisas precisam ter um algo a mais, que, de preferência, eu seja o único a perceber.<br />Não tenho o mínimo respeito tanto por homens que dizem que mulheres amam o dinheiro e os carros, assim como não respeito as mulheres que confirmam este estereótipo.<br />São bonitas e mais nada.<br />Uma garota não precisa ser apenas bonita, para valer o meu suor. Por aí já se mede o tamanho do meu ego. Ela precisa ter aquele “algo a mais”, aquela coisa de inexplicável, que atrai, mais interior que exterior, na verdade.Uma mania, uma paixão por uma banda específica, nada de tão específico. Todo o encanto se forma em detalhes.<br />Me sinto atraído, na verdade, por aquele universo em torno das pessoas, objetos, idéias.<br />Tudo o que se relaciona a elas, lugares, palavras, referências, aqueles detalhes que me fazem sentir importante por tê-los notado.<br />Cada pessoa carrega consigo um universo, e confesso que gostaria de fazer parte de alguns.<br />Ser parte daquele universo, como lembranças de infância, alguma praia que se foi nas férias ou a calça preferida.<br />Ser tão parte daquele universo como aquela música que lembra uma época especial, aquela frase lida há muito tempo e lembrada de vez em quando, como o quadro de flores da sala de estar.<br />Mas estaria mentindo se dissesse que a beleza não é importante. É o que atrai, primeiramente. É essencial e absolutamente necessária.<br />Não digo aquela beleza extraordinária, de tirar o fôlego, mas de uma beleza que atraia pelo conjunto e apaixone pelos detalhes.<br />Estou falando de um sorriso apaixonante que acompanhe um resto tão bom quanto.<br />E que esse sorriso seja acompanhado de opiniões e bom-gosto.<br />Uma bela garota excêntrica ,é disso que falo.<br />Uma garota levemente mal-humorada e irônica, mas fácil de deixar feliz.<br />Sexy e, de certo modo, tímida.<br />Culta, muito mulher, e ao mesmo tempo, muito menina.<br />E, acima de tudo, muito idealizada.<br />Enfim, todas as pessoas têm um ideal.<br />Ideais não servem para ser alcançados, porque provavelmente não serão, pelo menos em sua totalidade.<br />Servem para que se tente chegar o mais próximo possível deles.<br />Não há regras claras.<br />E, além de tudo, há sempre os noventa por cento de chance de mudar de idéia pelo caminho, ao ser surpreendido, ao dar de cara com o inesperado.<br /> Afinal, se todas as coisas saíssem como imaginamos, e todos os planos dessem certo, qual seria a graça?Neal Cassadyhttp://www.blogger.com/profile/11707718940877422789noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-6011365167499671963.post-87574471735092599892008-07-25T22:20:00.001-07:002008-07-25T22:20:46.121-07:00Ele olhava para ela, todas as manhãs.<br />Enquanto ainda dormia, no momento em que acordava, quando se espreguiçava e lhe dizia “bom dia!”.<br />Era extraordinariamente linda, quando se arrumava, mas, pela manhã, tinha todo um encanto.<br />Quase qualquer mulher é capaz de parecer bonita, quando está arrumada, mas poucas podiam se dar ao luxo de serem tão lindas no momento em que acordavam.<br />A observava com completa atenção, querendo absorver cada detalhe, cada poro, seu cabelo e as curvas de seu corpo, cobertas por uma calça desbotada e uma velha camiseta do Led Zeppelin.<br />Havia alguma coisa inexplicável nela, algo impossível de definir, mas ainda sim presente.<br />Algo que fazia com que cada célula de sua pele parecesse necessitar se encontrar com as dela.<br />Ela não acreditaria se ele lhe dissesse, mas a amava justamente nas horas em que ela se achava menos desejável.<br />Gostaria de lhe dizer que parecia mais sexy com aquela roupa velha, larga e desbotada do que com quando tentava ser.<br />Era linda quando estava brava, quando estava triste, acima de tudo.<br />Ele admirava-a pelos detalhes, os maravilhosos detalhes.<br />Aquela pequena cicatriz, o modo como andava, sua voz.<br />O conjunto de uma pessoa nos atrai, mas as pequenas coisas nos apaixonam.<br />Era mais um desses casos.<br />Mais um em 4 bilhões, mas, para ele, único.<br />E, de certo modo, ele estava certo.Neal Cassadyhttp://www.blogger.com/profile/11707718940877422789noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-6011365167499671963.post-5798916229039676322008-07-05T11:15:00.000-07:002008-07-05T11:16:04.571-07:00...então ele tomou outro bom gole de coragem e foi falar com ela.<br />Ainda era linda, como antes, embora mudada.<br />Ele queria, e ao mesmo tempo tinha medo de saber o quanto.<br />-Anda saindo muito?<br />-Com certeza. Sempre.<br />-E também. Minha vida anda muito divertida.<br />Mentira, da parte dele. Quase não saía, sua vida era um tédio.<br />Teria vergonha de narrar seu dia.<br />Mentira da parte dela. Quase não saía, sua vida era um tédio.<br />Teria vergonha de narrar seu dia.<br />Mas nenhum dos dois aceitaria deixar transparecer nada, pois não fazia idéia se o outro pensava a mesma coisa.<br />Nenhum admitiria a falta que o outro fazia, não dariam sinais de fraqueza.<br />A falta do outro podia ser forte, mas sem dúvida o orgulho era mais.<br />Ceder e ser o primeiro a dizer “oi”, à distancia, já era tremendamente difícil.<br />Para ambos.<br />-E então, ainda anda com aquele povo?<br />-Sim, a gente anda se divertindo muito. Sempre nos reunimos.<br />Traduzindo: Se reuniam para assistir filmes e falar coisas idiotas, nada assim tão legal.<br />-Ah, eu fui numa festa ontem!<br />Traduzindo: Uma tia fez aniversário e os primos se reuniram e falaram coisas idiotas, nada assim tão legal.<br />-Que legal!<br />Traduzindo: Nossa, ela tem uma bela vida social, bem diferente de mim. Que bosta!<br />-E então...<br />Devia perguntar se ele ainda tinha aquela foto?<br />Pensando bem, deixa pra lá...<br />-O que?<br />-Nada, esqueci o que eu ia dizer.<br />-Ah, sim.<br />Pergunto da foto?<br />Não, deixa que ele pergunte.<br />-Bom, vou indo, preciso encontrar uns amigos.<br />Não há encontro com amigos, e o que ele mais gostaria era continuar ali.<br />Mas é melhor assim.<br />-É, eu também. Tenho uma festa.<br />Ela também não tem festa alguma para ir.<br />-Então, até um dia desses.<br />-Até.<br />Vão se dar um beijo no rosto, para se despedir.<br />Nenhum dos dois toma a iniciativa, e, depois de um silêncio constrangedor, acenam um adeus e vão embora sem nem se tocarem.<br />Ela chega em casa, pensando que ele não quer nada com ela, realmente.<br />Sua vida parece estar tão divertida.<br />Liga a Tv, não está passando nada que ela goste.<br />Ela a desliga e vai dormir.<br />Mas só consegue pensar em que amigos seriam aqueles.<br />Achou muita intromissão perguntar.<br />Ele chega em casa.<br />Liga a Tv.<br />Que bom, está passando o programa do Jô.<br />Vê um artista que lhe é vagamente familiar.<br />O desgraçado começa a cantar uma canção sobre a solidão.<br />Ele diz um palavrão baixinho e desliga a Tv.<br />Vai se deitar, mas só consegue pensar em quem estava naquela festa.<br />Com certeza pessoas bem mais interessantes que ele.<br />Porque ela pensaria nele, afinal, se conhecia tantas pessoas e tinha tantas festas para ir?Neal Cassadyhttp://www.blogger.com/profile/11707718940877422789noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-6011365167499671963.post-82798731675836053652008-06-18T14:20:00.001-07:002008-06-18T14:20:38.001-07:00Ela era um punhado de fotos, ela era a literatura, ela era uma daquelas belas surpresas da sorte, uma amiga de uma amiga. Era parte de um maravilhoso jogo literário, de se revelar aos poucos, de dizer sobre si mesmo, texto a texto. Ela o conhecia melhor que muita gente que o cercava, pois era para ela, de um modo ou de outro, que contava seus segredos. Seus desabafos, seus pensamentos, colocados em algumas linhas, escritos, na verdade, apenas pelo fato de que ela iria ler. De fato, com algumas exceções, tudo aquilo era escrito em função dela.<br />Por mais que os textos falassem de outras pessoas, por mais que falassem de seus amigos ou sua ex-namorada, tudo aquilo era escrito, no fundo, para seu comentário a respeito, sua aprovação, para saber sua opinião.<br />Não precisava mais guardar tudo para si. Por pior que tivesse sido o dia, havia alguém, mesmo que estivesse a mil quilômetros de distância, que se importaria em ler o que ele pensava.<br />O angustiava a idéia de que talvez nunca a conhecesse, realmente, que talvez nunca sentisse seu cheiro ou ouvisse sua voz.<br />Como será que era sua voz? Será que ela era realmente do mesmo modo que a imaginava? E, quanto a ela...<br />Será que não se decepcionaria com ele, quando o conhecesse, em saber que ele era apenas mais um sujeito normal, sem grandes atrativos?<br />Como será que ela falava, será que dizia alguma palavra de um jeito peculiar, ou tinha algum gesto inesquecível?<br />Como poderia ele nunca vê-la, quando o queria tanto, apenas por causa daquela distância que era, ao mesmo tempo, tão pequena e tão incrivelmente longa?<br />Ela poderia ser sempre apenas uma foto, ele tinha medo de que, alguns anos depois, ela fosse uma frustração, a “garota que ele nunca conheceu”, e de imaginar de como o passado poderia ter sido, imaginar, sem ter ao menos uma idéia vaga do que acontecera a ela. Perder o contato, se lembrar dela dali a alguns anos, em uma roda de amigos, enquanto tomam uma cerveja e falam sobre a juventude, apenas como uma lembrança remota e não concretizada, daquela maravilhosa garota do Mato Grosso.Neal Cassadyhttp://www.blogger.com/profile/11707718940877422789noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6011365167499671963.post-86446071287093129242008-06-10T13:17:00.000-07:002008-06-10T13:18:37.936-07:00A minha vida é uma pequena fábrica de lembranças.<br />Assim como a vida de qualquer um.<br />É uma busca constante de ter lembranças melhores do que as anteriores.<br />Quando o seu presente é menos satisfatório que seu passado, você fica preso a ele.<br />Quando não há algo de bom o deixando feliz, ou a perspectiva de alguma coisa grandiosa, por menor que seja, o passado o chama.<br />Há algo de horrível no passado: O fato de que ele não volta, de que suas lembranças são apenas lembranças, que nada daquilo existe mais, por mais intensas que suas memórias sejam.<br />Parei no meio de um momento maravilhoso para pensar, uma vez. Percebi que dali a seis meses sentiria uma falta tremenda daqueles tempos. Foi um bocado desolador chegar à essa conclusão.<br />Era uma hora tão boa que eu sabia que me lembraria dela pelo resto da vida.<br />Passaria talvez cinqüenta anos me lembrando de algo que havia durado duas horas.<br />Pequenas coisas que, há alguns meses, talvez um ano atrás me pareciam corriqueiros agora me fazem falta, por serem maravilhosas, sim, mas principalmente por eu não estar agora me esforçando tanto quanto naquele tempo para aproveitar a vida.<br />Aqueles tempos foram melhores do que os que estou vivendo, logo, ainda tenho um pé neles.<br />É uma reação perfeitamente natural.<br />Tendemos a ficar no tempo que nos torna mais felizes.<br />A grande maioria das pessoas se prende a coisas que já passaram, ou então, a seus grandes planos de futuro que dificilmente acontecerão como planejaram.<br />Poucos sábios e afortunados sabem viver com intensidade o presente, o que há de concreto, aproveitam sua chance de fazer com que o dia de hoje, este exato momento seja, daqui a dez ou onze anos lembrado com um suspiro e uma frase como: “Olhando bem, como eu era feliz”.<br />Pensando bem, não conheço nenhuma pessoa que seja assim, e talvez nunca conheça. Eu certamente não sou uma dessas. Se não viver esperando ansiosamente pela próxima sexta-feira, viverei suspirando pela sexta-feira passada, mesmo sabendo que ela já se foi, não existe, que minha memória não é algo concreto.<br />Não há nada de particularmente interessante me esperando sexta que vem, ou pelo menos é o que parece. As melhores coisas da minha vida, talvez com exceção de uma, surgiram sem avisar ou bater na porta. Sem hora marcada ou planejamento, apenas foram acontecendo, e estou me lembrando delas nesse momento. Fazem um pouco de falta.<br />A verdade é que eu gosto demais de me lamentar e muito pouco de agir. É mais fácil reclamar que os tempos já não são como antes do que tentar viver o hoje da melhor forma possível. Viver é um pouco cansativo, na verdade. É mais fácil viver intensamente apenas uns dias a cada semestre e recordá-los no restante.<br />Aquela sensação de frio na barriga, ou ainda aquela sensação irreprimível de alegria não foram feitas para o dia-a-dia, ao que parece. Pertencem àqueles dias raros, aqueles para serem lembrados como sendo muito melhores do que realmente foram. Para serem lembrados com um céu muito azul, uma sensação estranha de leveza, um pouco de tristeza e um bom tanto de alegria.<br />Mas por que diabos eu estou aqui sentado, escrevendo sobre lembranças e passado quando poderia estar lá fora vivendo?<br />Me ensinaram a escrever, mas quanto a viver, acho que ainda faltam algumas lições importantes.Neal Cassadyhttp://www.blogger.com/profile/11707718940877422789noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6011365167499671963.post-11934031761753929212008-05-11T13:54:00.000-07:002008-05-28T13:50:15.467-07:00Pretérito perfeito<em>...E então o príncipe encantado surge em seu cavalo branco, beijando a donzela e a levando em sua garupa.<br />E foram felizes para sempre...<br />Exceto quando a donzela estava com dor de cabeça, quando o príncipe broxou, quando perceberam que não se amavam mais e na separação dos bens, no divórcio.<br /></em><br />Aprendemos a olhar as coisas como gostaríamos que fossem, e não como realmente são.<br />Temos memórias seletivas.<br />Não sei se falo apenas por mim, mas tenho uma tendência irritante de idealizar as pessoas, de ver nelas o que gostaria de ser, de me apaixonar não por uma garota, mas pela idéia dela, por aquele mundinho muito particular que a cerca.<br />Tenho uma tendência a me lembrar de épocas passadas como sendo perfeitas, apesar dos pequenos problemas, alguns dias parecem se cobrir de um véu de perfeição, o arroz que queimou, a unha encravada e a dor de cabeça vão para um ponto qualquer no limbo, são esquecidos.<br />Tenho um amigo que gosta muito de histórias dos tempos medievais, de honra e coragem.<br />Tempos de donzelas em perigo e homens honrados, que se arriscam pelo que acreditam.<br />Tempos que nem existiram de verdade, assim como algumas pessoas que já admirei.<br />Aquelas pessoas que admirava existiam apenas na minha cabeça.<br />Os indivíduos reais eram bem diferentes do que costumava pensar deles.<br />Quem espera a hora perfeita sempre acaba deixando as oportunidades passarem, o sujeito que busca a mulher perfeita não nota a garota que está à sua esquerda. Ela é incrível, ainda que tenha uma voz um pouco estranha.<br />Ninguém consegue viver sem um ideal, sem uma utopia, seja a paz mundial ou criar filhos perfeitos.<br />Deve-se tentar chegar o mais próximo possível do que se considera perfeito, mas com a consciência de que nada vai sair exatamente como o planejado.<br />São as irregularidades do caminho que fazem a vida interessante.<br />As pequenas alegrias inesperadas.<br />Imagine uma vida perfeita, onde tudo corre exatamente como planejado.<br />Seria ótimo.<br />Na primeira semana, talvez na segunda, mais ou menos até a quarta-feira.<br />Depois disso, apenas um tédio sem fim.<br />Não nascemos em um mundo perfeito, não nascemos para sermos perfeitos.<br />Nascemos para sermos nós mesmos.<br />Por mais terrível que pareça assumir os próprios defeitos, eles são parte de você.<br />Mais até que suas qualidades.<br />Esses você cultivou.<br />Agora, quem cultiva o próprio mal-humor?<br />Ele é simplesmente parte de você.<br />Não ser perfeito é delicioso.<br />A imperfeição é o que lhe permite dizer que é humano.<br />Homo sapiens, da ordem dos primatas, mamífero e pertencente ao reino animal.<br />Quanto a isso, não há como mudar.<br />O resto, com jeito, se resolve.Neal Cassadyhttp://www.blogger.com/profile/11707718940877422789noreply@blogger.com3