quinta-feira, 17 de abril de 2008

Quando pequenos, aprendemos com nossos pais os conceitos de certo e errado.
Alguns os levam para a vida, enquanto outros os perdem no caminho, para seu próprio bem ou mal.
Aprendemos a temer os pecados, o inferno, a maldade.
Aprendemos com nossos pais que existem sete pecados capitais, que devemos evitar a todo custo.
Aprendemos com a vida que ela é impossível sem eles.
Não deveriam se chamar sete pecados, e sim “pequenos prazeres a se apreciar com moderação”.
Imagine, por um segundo, se ninguém no mundo tivesse nem um pouco de inveja.
Parece um paraíso?
Não concordo...
Ninguém avança sem querer ter, pelo menos, o mesmo que o vizinho.
Provavelmente ainda viveríamos em cavernas.
Mas provavelmente seríamos Neanderthais felizes.
Uma pessoa sem um pouco de ira é pisada pelas outras, nesse mundo em que vivemos.
Mas o excesso de ira é responsável por guerras, assassinatos e agressões desde que o mundo é mundo.
Sem um pouco de avareza, hoje em dia, as pessoas passam fome.
Há um velho ditado árabe que diz que quem compra hoje o que não precisa, amanhã venderá o que precisa.
O mundo seria bem mais feio sem a vaidade.
A arte provavelmente não existiria, pois todo artista quer impressionar as pessoas, inflar o próprio ego, por mais que o negue.
A vaidade faz o pintor querer fazer o quadro perfeito, o músico a melhor melodia, o escritos a buscar a palavra exata.
Até os filantropos, médicos da cruz vermelha, tudo no mundo é, no fundo, vaidade.
E não há nada de errado nisso.
É a engrenagem que move a humanidade.
Ela cria desde grandes filantropos a pessoas prepotentes e inescrupulosas.
Imagine, agora, uma deliciosa pizza saindo do forno.
Aquele cheiro maravilhoso...
Muitos dos grandes prazeres da vida são culinários.
Não há nada de errado em querer o terceiro pedaço de pizza, a oitavo brigadeiro ou a vigésima bala.
Mas os estudos comprovam que a obesidade causa problemas cardíacos, e todo tipo de preconceito.
Aprecie com moderação.
E quanto à preguiça...
Se todos trabalhassem o tempo todo, seríamos um bando de neuróticos.
O que há de errado com só mais cinco minutos?
As melhores idéias surgem naqueles momentos de descontração.
Os pequenos prazeres da vida estão nas quartas-feiras ociosas.
Aquelas em que se leva os filhos ao zoológico, se assiste um filme bobo, aqueles dias em que se fica deitado, olhando para o teto, com uma música maravilhosa tocando;
Aqueles em que se fica feliz sem motivo.
Aqueles dias em que se conhece alguém incrível...
Falando nisso...
Imagine um mundo sem luxúria...
Tudo bem, provavelmente não teríamos aqueles funks horríveis e apelativos, o que seria uma grande conquista para a humanidade.
Um mundo sem o créu...
Mas que mundo terrível seria esse...
Se não fosse pela luxúria, e talvez umas três doses, você provavelmente não estaria aqui.
O amor perfeito é, ao mesmo tempo, romântico, quase platônico, em termos de sentimento.
Mas com aquela poderosa atração corporal, aquele desejo quase incontrolável.
O amor sem desejo e o desejo sem amor não vão longe.
Somos todos humanos e imperfeitos.
Todo ser humano é um pouco mesquinho, tem defeitos, egoísmo.
Não seríamos o que somos sem eles.
Um mundo perfeito seria insuportavelmente chato, pessoas perfeitas são irritantes.
O que importa não são os defeitos das pessoas, e sim o que fazem para contorná-los.
É aquela distribuição de defeitos e qualidades que torna cada pessoa única.
Aqueles pequenos prazeres mesquinhos, de ver alguém cair no chão, se fingir de doente para não ir trabalhar, matar uma aula, fazer um comentário terrível sobre alguém, por mais terrível que possa parecer, são parte de todos nós.
Ninguém deve tentar ser perfeito.
Só vai se frustrar.
Nem um anjo nem um demônio, busque ser o melhor ser humano que conseguir.
Seja simpático com as pessoas, mantenha suas promessas, não jogue lixo na rua.
Evite a gordura trans e tente ser feliz de um modo que prejudique os outros o mínimo possível.
Aproveite os pequenos prazeres da vida.
Deite em uma rede, de um modo perigosamente preguiçoso, admire como sua nova camisa cai bem em você, fique irado com as notícias do jornal da noite, entre em seu carro, pensando em comprar um igual ao do vizinho da frente.
É mais bonito.
Vá com a mulher da sua vida a um restaurante onde a comida seja deliciosa.
Pelo amor de Deus, não peça o champanhe mais caro do cardápio.
Saia do restaurante e aproveite.
Ela é a mulher da sua vida, e a noite está linda.
Afinal, a vida é feita destes pequenos prazeres...

Um comentário:

carinagabriele disse...

Nossa, acho que esse foi o melhor texto que vc já fez!
Ótimo mesmo!
Tá de parabéns!
Nem tenho o que comentar, somente elogiar. ;)

Beijão.