quarta-feira, 28 de novembro de 2007

De cada lado, uma multidão gritava palavras de ordem.
Não sabiam o que diziam.
Pregavam não uma igualdade, mas uma inversão.
Pregavam idéias que não eram suas.
Gritavam como animais.
Estava perdido em meio a um delírio de massa.
Meu excessivo senso crítico me impedia de, como eles, me alegrar com aquela situação.
Não me permitia pensar o mesmo.
E meio a meu delírio, várias imagens dispersas passaram por minha cabeça.
Homens das cavernas em volta de uma fogueira, gritando enquanto seu líder matava o prisioneiro.
Uma multidão que proclamava seu amor a Deus, e amaldiçoava o pobre homem, amarrado a uma estaca.
E gritava, feliz, quando seu carraco chegava com a tocha.
Vi um homem em um guilhotina, e os revolucionários acompanhando com olhos extasiados a trajetória de sua cabeça.
Vi um homem esfarrapado, em frente a um pelotão de fuzilamento.

O espírito era, sem dúvida, o mesmo.


Como somos fáceis de manipular...

E como isso me assusta...

Um comentário:

carinagabriele disse...

O ser humano é, deveras, muito assustador!

Ótimo texto.
Encaixe perfeito das palavras.
Parabéns!

Beijo.