Há algum tempo, enquanto conversava com alguém, imaginamos uma situação estranha.
Se por um acaso, alguém descobrisse que, não sei...
Um asteróide vem de encontro à terra.
Não há como impedi-lo, todos morrerão dentro de seis meses.
Paramos, então, pra pensar o que faríamos nesses seis meses, o que as pessoas em geral fariam.
Na minha humilde opinião, o mundo se dividiria em duas partes.
Uma grande igreja, todas as pessoas que tentam, no ultimo minuto, salvar as próprias almas da cólera divina que virá dos céus.
A outra parte, à qual eu provavelmente pertenceria, buscaria uma experiência de vida mais autêntica.
Sem medo de conseqüências ou julgamentos alheios.
De satisfazer vontades e sentidos, o tipo de vida que só se tem quando o futuro lhe é negado.
Realizar sonhos bizarros.
Pôr fim à timidez, dizer para as pessoas exatamente o que penso.
O quanto são incríveis e estúpidas e, acima de tudo, indispensáveis.
O quanto as amo ou odeio.
De experimentar tudo, fazer algo assustador a cada dia.
Viver cada daí como se fosse o último, em preparação àquele que se aproxima, talvez como um modo de se agarrar desesperadamente à vida.
A quem tive essa conversa, se o mundo acabasse em seis meses, com certeza diria muitas coisas, a timidez extinta, o fim próximo, mas, talvez, belos seis meses, os últimos, nos quais haveria o esforço para que valessem a pena.
Em outra ocasião, sentado em uma varanda, em um dia de chuva, cercado de pessoas totalmente diferentes, tive uma conversa que me fez pensar se me arrependo de minha vida.
Se, talvez, fosse atropelado por um carro ou levasse um tiro, hoje.
Eu me arrependeria do que fiz e não fiz?
Do modo como vivi?
Dos meus erros e acertos, de todas aquelas experiências e memórias que fazem de mim o que sou?
Pensei muito sobre isso.
Acho que minha vida, até agora, tem um saldo positivo.
Acho que não mudaria nada, apesar de isso ser tentador.
Mesmo os erros mais estúpidos, as piores situações, as piores memórias serviram para alguma coisa.
Ensinaram algo, da forma mais amargo possível.
E eram, talvez, a única coisa que podia ser feita no momento.
Muitas vezes, uma infelicidade funcionou como degrau para alcançar uma felicidade maior, como conseqüência.
De algum modo estranho, as coisas parecem se encaixar.
Me arrependeria, logicamente, das vezes em que deixei de fazer algo por medo, timidez, nas vezes em que deixei uma alegria para depois, e o depois não chegou.
Lembraria com carinho de amigos, amores, acasos e circunstancias.
Riria novamente com aquelas situações e momentos descontraídos, choraria, e me enraiveceria.
Mas, acho que, morrendo hoje, poderia dizer que não sobrevivi, apenas, vivi.
Essas conversas e reflexões me levaram a pensar que a vida é realmente efêmera.
Só se tem uma chance, então, porque deveria, como antes, adiar uma alegria, ter medo da vida?
Decidi, antes que me esqueça, viver de modo a, quando morrer, não ser apenas um número em um atestado de óbito, e o habitante do lote 145 do cemitério da saudade.
Ser lembrado, pelas pessoas que me cercaram.
Não ter passado pela vida como apenas mais um entre um milhão, mais uma cara igual na multidão.
Mais um pobre-diabo derrotado por si mesmo, pelo próprio medo de viver plenamente.
Porque viver plenamente, sair do conforto, da apatia, se livrar de auto-idealizações, costumes e clichês é um pouco assustador, dá uma sensação de nudez, de estar indefeso e desprotegido.
Pelo menos para mim.
sábado, 26 de janeiro de 2008
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Um comentário:
Enfim, é bem melhor viver do que fingir que se vive. E é bem melhor fazer do que apenas recomendar. :D
Ah, e sobre o casal, é igual vi esses dias num trailer .. 'a maior distância é a distância que existe entre duas pessoas'.
;)
Beijo.
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