quinta-feira, 28 de junho de 2007

Me vejo deitado no chão,a parede disforme pelas lentes dos óculos rachados.
Não quero mesmo ver aquela parede suja e decadente.
Há um sinal,um rosto,uma lembrança onde a tinta está descascada.
É mais do que consigo suportar.
Me levanto.
Me vejo cercado por pincéis,telas,violões e gravadores de quatro canais.
Seringas e prozacs.
Vestindo uma velha e surrada camiseta do Pink Floyd.
Me levanto e me ponho a pintar.
Só me frustro ainda mais.
Não consigo pôr na tela o que estou pensando.
Me deito no chão e coloco um cd de John Frusciante para tocar.
Olho meu pôster de Syd Barret.
Penso no que se tornou minha vida.
Tomo dois ou três comprimidos.
Olho fixamente para meus joelhos, por um tempo indefinido.
Até notar cada poro.
Observo as manchas de umidade na parede de minha sala decadente.
Tomo mais comprimidos.
Não consigo contar quantos.
Observo novamente a parede.
A última coisa que vejo é a mancha na parede.
O significado desta me traz tristeza.
Tudo passa, em meio ao vazio, ao escuro.
Ao silêncio.
Tenho a sensação de subir vertiginosamente.
Uma sensação de felicidade inexplicável e irreprimível se apodera de mim.
Subo cada vez mais.

Posso ouvir Stairway To Heaven.

Um comentário:

Johnnie disse...

Bom eu poderia dizer:Isto é meio sem nexo se eu não te conhece-se ou talvez um suspiro me imaginando lá,mas direi apenas que não sei o que dizer!