sábado, 26 de janeiro de 2008

Ela tinha algo de indefinível, de encantador.
Talvez fosse apenas mais uma daquelas coisas que só ele via.
Não saberia definir o que era...
Talvez aquilo que chamamos tão vagamente de expressão.
Alguma coisa com seus olhos, talvez.
Ou o formato de sua boca.
O modo como sorria, os olhos se estreitando.
Seu riso, o modo como seu rosto ficava vermelho.
Seu corpo lindo, gracioso...

Ela escrevia pequenos poemas, que guardava em uma caixa de sapatos, por não os considerar bons o suficiente.
Ouvia música incessantemente.
Muitas vezes, tinha a impressão de que falavam por ela.
A completavam.
Gostava de chuva, e andar de meias.
E o admirava, à distãncia.

Se sentia muito sozinha, ele também.
Quando ela se olhava no espelho, via algo que odiava.
Não era bonita, divertida, ou inteligente o suficiente.
Quanto a ele, quem daria alguma atenção a aquele pobre desajeitado?

Quando olhava para ele, pensava que nunca a notaria.
Ele, idem.

E a insegurança os manteve distantes.


Sempre.

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