sábado, 26 de janeiro de 2008

Poderia ser a metáfora perfeita, mas foi uma cena que realmente vi acontecer.
Se fosse escolher uma cena para exemplificar o isolamento e solidão dos dias atuais, escolheria sem dúvida essa.
Um dia comum, do qual não se poderia dizer nada de especial.
Nem chuvoso, nem particularmente ensolarado.
Nem triste, nem alegre.
Simplesmente comum.
Eu estava andando, pensando na vida.
Passou, então, ao meu lado, um casal.
Deviam ter vinte e poucos anos.
Andavam de mãos dadas.
Mas não conversavam, não trocavam olhares cúmplices e maliciosos.
Não diziam um simples eu te amo ou comentavam as coisas da vida.
Não se beijavam, ou abraçavam.
Seu contato se resumia às mãos.
Cada um com seu fone, ouvindo sua música.
Em sua pequena redoma.
Eles nem sequer se olhavam...
Deveriam mandar os fones para o inferno e apreciar a presença um do outro.
Ou, talvez, colocar aquela música que fazia com que um se lembrasse do outro.
Aquela música lenta e bonita, que lhes lembrava um bom momento.
Que um havia dedicado ao outro.
Dividir os fones, sentados próximos um ao outro, de modo que o fone curto os aproximasse.
Olhar nos olhos um do outro e dizer que o ama e, simplesmente, viver.
Mas não.
Continuavam, cada qual com sua música, seu universo.
Ligado apenas por suas mãos e um compromisso.
Nesse mundo de velocidade, de coisas instantâneas e descartáveis, as pessoas deveriam tentar ser mais humanas.
Se esforçar para viver a vida.
Não se contentar em conversar com os amigos pela internet.
Chamá-los para ir à sua casa jogar conversa fora, conversar sobre assuntos estúpidos.
Imaginar esquemas fora de realidade ou criar uma banda.
Não conversar com aquela garota que o atraiu apenas pelo messenger, e sim chamá-la pra fazer algo, ir a algum lugar para conversarem decentemente, nem que seja uma sorveteria ou o meio da rua.
Olhar em seus olhos e dizer o que pensa, não o que acha que ficaria mais bonito.
A realidade, sem joguinhos idiotas, e receber de volta franqueza e uma pessoa, não um número ou um objeto.
Receber, sei lá, a Juliana ou a Vanessa, e não o número 37 da sua lista.
Colecionar histórias, e não números.


Pelo menos é o que penso.
Mas não dê atenção.
Nem sempre faço o que recomendo.

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