segunda-feira, 28 de abril de 2008

About a Girl

Her hair reminds me
of a warm safe place
Where as a child I'd hide
And pray for the thunder
And the rain
To quietly pass me by.
(Sweet Child O’ Mine – Guns N’ Roses)


E ele a viu, logo quando entrou.
O rosto por trás do balcão, a voz por trás do telefone, a presença por trás daquela fotinha quadrada.
Seus amigos estavam ansiosos por se sentar logo, pela comida, tinham pressa.
Ele não.
Quanto mais tempo passassem lá, melhor.
Se a comida demorasse, pouco lhe importava.
Não era pela comida que ele estava lá.
Ele estava lá para vê-la, para falar com ela, para estar em um lugar que era a própria presença dela, cada canto, cada quadro, o próprio nome do lugar.
Não sabia porque aquela presença o atraía tanto.Sei lá, ela o lembrava de outras épocas.
Se imaginava em pé, ao lado dela, em uma calçada de uma cidade fria, esperando um grande show começar.
Pulando para espantar o frio, mas ansiosos pelo grande show que estava por vir, o tipo de coisa que não acontece mais hoje em dia, pelo menos não do jeito que ele queria.
Ele se imaginava com sua banda, pronto para fazer um show, e ela estaria lá, na platéia, assistindo a tudo.
Ele faria seu melhor show.
Ela lhe lembrava bom gosto, as mesmas ótimas conversas, Cindy Lauper, O Tempo e o Vento, literatura e Guns N’ Roses.
Na verdade, podia contar quantas vezes a havia visto pessoalmente, mas nunca poderia contar quantas vezes haviam conversado.
Nem se lembrava de quando a conheceu, de quando começaram a conversar, isso não importava muito.
Alguma coisa a ver com uma piscina, talvez.
Era com ela que ele havia conversado quando sua namorada havia terminado com ele, era para ela que ele contava as novidades de sua banda, as pequenas coisas engraçadas do dia-a-dia, mesmo que se falassem apenas uma vez por semana, pela internet.
Nem que fosse ao menos por fotos, ele a admirava, admirava aquela beleza excêntrica, diferente do normal, acima dele. Maçãs do rosto, um riso agradavelmente estranho, um cabelo a cada dia de uma cor e de um tamanho, tudo que ele adorava.
Se surpreendia com o fato de ela se envergonhar quando ele a elogiava.
É tão raro uma garota se envergonhar, hoje em dia, que ele achava isso incrível.
Era como um oásis, um pouco de frescor, de idéias decentes, em meio ao lixo de todo dia.
Porque, para ele, boas idéias eram tudo.
Nunca havia nem segurado sua mão, mas já havia se divertido com ela mais do que com muitas garotas que haviam corrido por entre seus dedos.
Mas não, ele não pensava nela todos os dias, ou escrevia seu nome nas coisas.
Não era apaixonado por ela, ou ouvia uma música para lembrá-la.
Apenas a admirava, e tinha consciência do quanto ela era incrível.
O mais incrível de tudo é que ela não sabia disso.
Ele queria, de alguma maneira, fazer com que ela soubesse.
Nem que, pra isso, precisasse lhe escrever alguma coisa.
Mesmo não tendo certeza se o que lhe escrevesse estaria à altura.

Mas, pensando bem, é meio inútil ter certeza.

7 comentários:

gabi disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
carinagabriele disse...

Que lindo isso!
Vc encanta, Fernando. :)

Seu chato, nem me avisou que tinha postado, né?!
Saudades. :*

gabi disse...

Fê, fico realmente lisongeada em saber!
E saiba você que eu ADOREI tudo o que escreveu, você é um querido!
Pode continua contando comigo pra todos os tipos de conversa, até pra falta dela... hahahahaha
tá?! Sempre estarei aqui qdo precisar! ;D

beeijo, te adoro!

Lucas Ferdinandi disse...

Aposto que ele tava pela "COMIDA" sim fii!

Sacou!? :D

Muito bom o texto meu caro, brincadeiras a parte, escrevi hoje também, mas ainda sim to afim de escrever algo cujo o titulo seja "High Voltage Rock'n'Roll"

Abraçoooo!

Lucas Ferdinandi disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
gabi disse...

hi fi honor:
se o tipo de garota que vc está acostumado a lidar é esse do seu comentário, DESCULPA, vc é MUITO infeliz.

Lucas Ferdinandi disse...

E depois disso, ele foi encontrado boiando num rio a 13 kilometros da sua cidade natal.